segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Decrépito

O brilho das festas de outros tempos, perdeu-se com o passar dos anos. Transformámo-nos, em termos sociais, numa terra decrépita.
Mas o que mais se poderia esperar?

O recinto destas festas esteve paredes meias com um envelhecido pavilhão, esquecido, ultrapassado, que ainda assim cumpriu a sua missão para festins de comida e pouco mais, numa demonstração de poder e consolidação social de meia dúzia – esta que foi a grande obra da sociedade civil em Pereira no pós 25 de Abril (quase única) - e hoje agoniza lentamente, longe dos anos dourados, longe dos anos do proteccionismo excessivo, cujas portas fechadas eram o exemplo maior – tal como hoje - sobertudo quando a malta queria jogar uma futebolada, nos largos meses das férias de verão, quando ainda a praia fluvial era uma mera ideia dos iluminados “donos” de Pereira, vendo-se a juventude subtraída desse prazer, tudo em nome de um espaço que a todo custo tinha de manter-se limpo, imaculado como um troféu.

Passados todos estes anos, longe de ter cumprido a missão, fala-se na sua reestruturação, na sua conversão numa piscina e ate os mais radicais defendem a sua demolição.

A acontecer qualquer uma destas situações, certamente, que para alguns restará apenas nas suas memórias os tempos de "proibição", para a preservação de um bem de elevado valor, cujo povo de Pereira ajudou a construir, na esperança, que foi quase sempre, vã de uma utilização em full time, transversal a toda a comunidade, sendo mais que um pavilhão desportivo, um verdadeiro multiusos.

Nestas festas vimo-lo -te triste, cinzento, rodeado de coroa de lixo, ervas, silvas.
Muito descuidado.

Nem um lifting lhe retira as rugas bem vincadas, fruto do sofrimento, do desleixo, da falta de manutenção, da falta de uso, da falta organização social, que levou a deixa-lo ali à mercê dos dias.

Arranjaram-lhe um mini-campo, não só para a sua consolação ou como uma ama de companhia na velhice, mas talvez para pedir desculpa aos pais e mães de muitos daqueles que durante os últimos vinte anos não utilizaram o pavilhão, por estar fechado, porque aquilo era uma relíquia e podia partir-se.
Não havia necessidade de chegar tão longe!

Também não se compreende porque é que todo aquele espaço envolvente ao pavilhão e ao campo sintético não sofreu, nos dias que antecederam às festas, uma profunda operação de limpeza!
Queremos dar uma imagem de modernidade, queremos captar sangue novo para as instituições, alteramos percursos tradicionais em função de novas solicitações (?) e na primeira oportunidade deitamos o lixo para debaixo do tapete.

Antes e após as festas, tornou-se mais clara, ainda mais conhecida, mais uma crise directiva, uma ida para o INATEL (impensável), e, por último, mais um encerramento do bar.

Sobre o fecho de portas sobre aquele espaço de convívio, que tem qualidade e que deveria ser federador de toda uma sociedade desavinda, há que deixar no ar algumas perguntas:

Alguém tem a coragem de explicar quais são ou quais foram as divergências, segundo aquilo que está vertido no comunicado afixado nos vidros daquele espaço, entre a empresa a quem o bar está concessionado e a Direcção da ADCR Pereira e que motivaram o encerramento daquele espaço?

Os sócios devem ter o direito a ser informados, com a maior celeridade possível, até para não deixar adensar outras versões, que por vezes minam a verdade.

No mesmo comunicado ao dizer-se “Com a ADCRP sempre”, pode deduzir-se que com este elenco directivo nunca mais?

Por muito que nos custe a admitir, deixamos no ar, pela enésima vez a pergunta:

Quo Vadis Pereira?

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